sexta-feira, 5 de março de 2010

Apontamento nº1

Se sou Hare Krishna?
Canto o Maha-Mantra
E sou devoto de Deus;
Mas não, não sou nenhum santo:
Só tento ser um pouco mais real.

Servir a Deus acima de todas as coisas
É um processo, e como tal,
Lento e gradual...

Natural, porque amar é humano!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Deja Vu Consciente

Se você já viu, veja de novo;
Se parece igual,
Algo em você falta mudar.
Se não viu ainda, queira ver:
Enxergar é preciso
Para entender,
Nesta existência,
Que o melhor sorriso
É o de quem crê!
(renascendo para poder crescer...)

Eldorado

(Lembranças de Goura-Vrindávana)
sobre poema original de Krishna Vandana das

Lhe conheci num lugar,
Lá onde mora um Menino azul;
Um lugar de nome dourado.

Tudo era mais que iluminado
Mas você,
De jeito tão certo
E olhar ensolarado,
Abriu uma nova estrada
Em meu peito
Devastado e deserto de paz.

Era você, sim;
Era você quem trazia
O Sol pra mim.

E a sua lembrança,
Dulciforme beleza,
De criança se fez
Enorme fortaleza!,

Despedaçando,
De uma só vez,
Toda incerteza
Que até então
Me acorrentava a alma,
Recobrando-me a calma
E a rosa dos ventos,
Norteando o pensamento
Pela brisa alegre
De uma suave correnteza...

E eu, abençoado
Pela simples derrocada
De um assombroso "não"
Que tanto ecoava
Na amarga vastidão
Desse lento
E acelerado coração,
Subitamente
Acordei para ver
Um novo Sol nascente:

Minha praia da solidão
Era agora um lindo futuro,
Colorindo de ouro puro
A avenida na palma da mão!

Um olhar sobre pitomba

(Krishna Vandana das (Juliano Vargas), 2010)

Na praia de um futuro...
O que tiver que ser vai ser não se preocupa.

- Fazendo a barba cortas-te o teu colar.
- E na estação perdes-te teu rosário.
- Toma esse colar e esse rosário de mantra.

- Você não vai me dar uma pitomba?

Um banho de mar.
Alguém grita. Uma voz que vem do fundo.
- Coisa boa!
As ondas levaram o que era pra ficar
Praia do futuro, melhor lugar. Palavra!

Em dourado é que vamos estar.

Oração no Saco de Mangaratiba

(Manuel Bandeira, 1926)

Nossa Senhora me dê paciência
Para estes mares para esta vida!
Me dê paciência pra que eu não caia
Pra que eu não pare nesta existência
Tão mal cumprida tão mais comprida
Do que a restinga de Marambaia!...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A cada ser o seu papel

Cabe ao cavalo ser cavalo
E ao camelo ser camelo
E ao coelho, ser coelho e não leão.

Cabe ao bovino ser divino
E ao suíno o seu destino
Que é viver na densa lama da ilusão.

Deixa a salsicha pro cachorro
E o intestino para o porco,
Que berra por socorro e é seu irmão.

Só cabe ao homem, ser humano,
Ser humano e não mundano,
Que afinal de contas esse é um mundo cão!

Bandeira de bateia

Poeta não é aquele
Que sepulta a linha reta,
Tampouco o que
A resume por completa;

Talvez seja o poeta
Aquele que entra pela porta
Mas que se há motivo
Sai pela janela.

É o tal que não suporta
Ser chamado de poeta,
E é grão que brota
Em qualquer chão de pedra!

E preza pela lei
Da palavra sempre aberta
Sem perder de vista
As letras do silêncio...