terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A cada ser o seu papel

Cabe ao cavalo ser cavalo
E ao camelo ser camelo
E ao coelho, ser coelho e não leão.

Cabe ao bovino ser divino
E ao suíno o seu destino
Que é viver na densa lama da ilusão.

Deixa a salsicha pro cachorro
E o intestino para o porco,
Que berra por socorro e é seu irmão.

Só cabe ao homem, ser humano,
Ser humano e não mundano,
Que afinal de contas esse é um mundo cão!

Bandeira de bateia

Poeta não é aquele
Que sepulta a linha reta,
Tampouco o que
A resume por completa;

Talvez seja o poeta
Aquele que entra pela porta
Mas que se há motivo
Sai pela janela.

É o tal que não suporta
Ser chamado de poeta,
E é grão que brota
Em qualquer chão de pedra!

E preza pela lei
Da palavra sempre aberta
Sem perder de vista
As letras do silêncio...